Libertem os Livros!
leiam, leiam, leiam
Seguindo um ritual que nos é familiar - o de percorrer a web à procura de conteúdos interessantes - deparámo-nos com um vídeo cujo título, "Livros em perigo!", nos acordou os sentidos, no meio do imenso palheiro que é a Rede.
Em Rodolfo Castro, o protagonista deste vídeo, descobrimos "o pior dos contadores de histórias do mundo", como ele se diz. E revemo-nos no seu conteúdo, quando é relatado o exemplo de uma bibliotecária que, para levar os alunos a ler, "arriscou... pôs os livros em risco! Mas é só assim."
Sim, prezado leitor, "é só assim" que promovemos a mudança, arriscando!
E arriscamos quando:
- levamos os livros aos alunos, ou os alunos aos livros;
- levamos os livros para os sítios mais improváveis;
- alteramos, adequando a novas realidades, as regras que tanto preocupam os responsáveis pelo livros, nomeadamente, os registos infindáveis;
- acabamos com fichas e testes sobre os livros;
- não maçamos as crianças e os jovens com questionamentos inúteis e corriqueiros: "Gostaste do livro? Porquê?" ou "Qual é a personagem principal? Porquê?".
Estes "imperativos" remetem-nos para o que escrevemos na crónica "Socorro! As bibliotecas estão vazias!" que o amigo leitor, certamente, terá lido.
"... ficámos preocupados pela imagem que os jovens têm da biblioteca, que, nas suas palavras, não frequentam, por ser um espaço pouco dinâmico e cheio de regras."
E o que queremos nós, quando sabemos o poder da leitura na criação de leitores críticos e autónomos? Queremos que (se) leiam. Sim, só isso. Então, libertem os Livros! e libertem os leitores para:
- que façam as suas próprias leituras;
- que não gostem daquilo que lhes propomos que leiam;
- que gostem daquilo que não gostamos ou que não achamos aconselhável;
- que se descubram, e
- leiam, leiam, leiam!
Esta reflexão leva-nos a citarmo-nos, uma vez mais, o que nos torna verdadeiramente eruditos, caro leitor, agora, na crónica Ler... Ler... Ler...
"...a leitura deve ser sempre um ato de prazer e... aquilo que é bom para uns, pode não o ser para outros. O importante é que as crianças e os jovens leiam, sobretudo ficção, pois é esta que desenvolve a capacidade de sonhar, de conhecer novos mundos, que dão azo ao uso da imaginação e alimentam a criatividade. Estas duas características são fundamentais para desenvolver o espírito crítico, a capacidade de comunicação e a empatia pelo outro."
PS. Voltando a Rodolfo Castro, quanto mais tentamos controlar - o que leem as crianças e os jovens, quando e onde - mais os perdemos para aquilo que realmente interessa: que se (re)descubram enquanto leitores.