iWatch, iWatch meu, diz-me... quem tem melhor desempenho do que eu?
O despertador toca às 8h.
Hoje não há preguiça. Temos de estar às 10h em ponto à porta da FNAC para sermos os primeiros a comprar o tão desejado relógio da Apple, ou, como familiarmente lhe chamamos, iWatch.
Como poderíamos não estar entusiasmados? Parece que o novo device é tão inteligente que, em caso de ataque cardíaco e até de uma queda grave, liga para o 112.
Já imaginou, caro leitor, o poder de um simples relógio?
Claro que isto nos criou algumas fantasias que nos assaltaram o espírito e nos levaram a divagações extraordinárias.
É óbvio que as funcionalidades deste novo aparelho são brilhantes e dignas de reparo. Se não vejamos: mede a nossa frequência cardíaca, com emissão de um relatório que podemos encaminhar para o médico de família; gere o período menstrual, o exercício físico, o nível de ruído, já para não falar no facto de ser cada vez mais uma réplica do iPhone.
Mas, e se fôssemos mais atrevidos? Poderíamos chegar mesmo ao "iWatch, iWatch meu, diz-me... quem tem melhor desempenho do que eu?"
Já imaginamos os concursos em rede, as conversas entre colegas, a mostrarem os respetivos scores.
O nível de álcool consumido, a percentagem de gordura corporal, a atividade mental, física e sexual, por exemplo, e seria vê-los (ou como se diz agora... vê-los e vê-las, pedimos desculpa se esta não for a ordem correta) a vangloriarem-se por fazerem a alimentação mais saudável ou, entre amigos, a compararem desempenhos sexuais, ou até o nível de poluição existente no bairro de cada um.
Já imaginou, caro leitor? Um sonho, um pesadelo ou uma inevitabilidade?
PS. As portas abriram-se, deixámo-nos de divagações e apressámos o passo. Queríamos ter a certeza que garantíamos a aquisição do tão desejado Apple Watch.